O Brasil é um país em que os processos não terminam — eles se arrastam. Como novela das oito, sempre prometendo o capítulo final, mas no último minuto... "próximos 120 dias!"
Alexandre de Moraes prorrogou de novo. A investigação contra Bolsonaro continua. E lá vamos nós, mais uma temporada do reality show jurídico-político que virou o Brasil.
Bolsonaro é aquele personagem que não sai da trama. Já tentou o golpe, já foi investigado por vacina, por joia, por minuta, por live. E agora? Por tentativa de golpe. De novo. Porque no Brasil até o golpe precisa de repeteco.
E Moraes, com sua toga de aço, virou o anti-herói da vez. Não sorri, não recua, não se explica. É o Batman do STF — só que sem cinto de utilidades, apenas com o Diário da Justiça e uma caneta que vale mais do que um tanque de guerra.
Mas há algo cansado no ar. A investigação virou liturgia. O Brasil é o único lugar onde o suspense judicial tem prazo fixo: mais 120 dias. É como se a justiça tivesse uma planilha de Excel que diz: "Bolsonaro – aba 3 – revisar só depois do carnaval."
E o povo? O povo observa entre o Pix e o TikTok. Cansado. Cético. O brasileiro não acredita mais em final. Só em prorrogação.
Talvez porque a verdade por aqui nunca chega. Ela pega engarrafamento na marginal, entra em delação premiada e se perde entre uma CPI e outra.
Mas no fundo, esse é o retrato do Brasil de 2025:
Um país onde o passado não passa. Onde o ex-presidente ainda domina o noticiário como se fosse presidente. Onde o Supremo é mais protagonista que o Planalto. E onde, mesmo depois de tudo, ninguém sabe se vai dar em nada... ou em tudo.
Por Jabuti
